“Deus não pode ser objeto de amor, da mesma maneira que não
o é um juiz”. A grande diferença é que o juiz não nos pede uma devoção enorme e
Deus… Deus quer mais do que aquilo que pode, e pede mais do que filho de cego.
Deus, parece-me uma figura carente de atenção, carente de
amor ao ponto de nos ameaçar penitência se por ele não nutrirmos um amor
incondicional. A meu ver, se alguém quer assim tanto o meu amor, que me leve no
mínimo a jantar… que me pague uma bebida… Quiçá até podíamos combinar um
bailarico. Agora, lamento, mas não consigo amar alguém que nunca aparece…
alguém que não me escreve… e quando o faz, escreve errado por linhas tão tortas…
Enquanto o melhor truque do demónio foi convencer as pessoas
de que não existia, o de Deus foi convencer as pessoas da sua existência. E
depois ficou de braços cruzados enquanto lhe beijavam as sandálias forradas a
couro símio... Ser Deus é o ofício desejável de qualquer fulano, no entanto
poucos são aqueles que se dão ao trabalho de subir tanto na carreira. Não vos
quero encorajar, mas “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”…
Já a Deus, resta-me dizer que gosto bastante de um bom
cozido à portuguesa. Fica a dica para quando quiser arejar a pevide na minha
companhia.
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