Ele ainda não tinha chegado a casa
A mulher já jantada descansava no sofá
Enquanto bebia uma chávena de chá
E se distrai a olhar para o televisor
Não existe amor.
As chaves entram na fechadura
Ele abre a porta num empurrão
E caminha a cair para os lados
Traz consigo um cigarro aceso na mão
E na outra uma garrafa de vinho barato
Que estornicava gotas para o fato
“Homem, andaste a beber novamen...”
E antes que a mulher acabasse a frase
Já tinha levado um murro bem assente
Não existe amor.
Engolia bruscamente o resto da vinhaça
Enquanto mirava as lágrimas da mulher
A fúria estava refletida no olhar
“Nunca mais me voltes a falar, insuportável,
Estou farto de ti, de te ver dia e noite
E esse olhar de coitadinha
Levanta-te, e deixa de ser mesquinha...”
Não existe amor.
Ela irritada elevou a voz
Levou uma chapada que lhe deixou marca
E com medo tentou fugir
Ele agarrou-a com uma força brutal... Estavam a sós
Puxou-lhe o cabelo em berros de socorro
Despia-a enquanto lhe apalpava os seios como quem quer
descascar uma noz
E morde-a a sangue frio
Cada pedaço do corpo nu ferido
Enquanto passa a língua por toda a lesão que o motiva
E respira a respiração dela cada vez menos viva
Não existe amor.
O corpo tinha cedido
Lá estava a mulher em sangue
...Tinha morrido...
“Porque é que fez isso?” perguntou o juiz
Ele respondeu sem qualquer remorso
“Porque o Benfica naquela noite tinha perdido!”
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