O mendigo da romaria
Dizia ser faminto
De palma virada para o céu
- Sô, tem um vintenzito?
Praguejava contra eles
Que atrelavam pomposos santos
Não havia nem moeda nem migalha
Para ele só restavam os cantos
Que não fartam ninguém
E deixam o prato vazio,
E caçarola oca,
E copo com água do rio.
Dizia ser faminto
De palma virada para o céu
- Sô, tem um vintenzito?
Praguejava contra eles
Que atrelavam pomposos santos
Não havia nem moeda nem migalha
Para ele só restavam os cantos
Que não fartam ninguém
E deixam o prato vazio,
E caçarola oca,
E copo com água do rio.
De algibeira silenciosa
Com espaço para a mão toda
Pede agora por seu filho,
Não fosse ele estéril
Já nem para ele lhe chega o milho
Era filho sem pai. Ou pai sem filho
Pela fome matados.
Contudo, surge agora o tostão
Ajudam os jurados.
“Seu filho é cousa de louvados,
Dê-lhe este pão e este vinho,
Esta ferradura para apatites adoçados.”
Com alimento e líquido vadio
Cada gota que caia era amarga
E o copo estava vazio
Era de seus olhos a sede que saciava
Do pão duro, que se houvesse filho
Nem migalha para ele restava.
Aproveitou-se da mentira para sobreviver
Deitou-se na cama e rezou
“Meu pai, que sacrifício o teu
Levou-te a morte o corpo em osso
E esqueceu-se do meu.
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