Hoje a solidão atacou-me de forma inesperada
O choro tornou-se agressivo e a respiração abafada
Evito sempre esta tristeza ofegante
Contudo nem sempre é possível viver numa felicidade
forçada
Sinto uma ânsia arquejante
Consumido por vontade de gritar roucamente
E um medo perturbador
Faz-me tremer, sentir este estômago ardente
Tento sempre viver nesta força audaz
Mas hoje não consigo, sinto-me ausente
Apenas capaz de me relembrar das memórias más
E erguer-me de saudade das boas
Que me destroem por estarem cada vez mais longe
A fraqueza faz-me tremer perante o frio
Cair perante o vento intenso
E o bem que me sustentava fugiu
Perante este nevoeiro denso
Detesto sempre o facto de me sentir mal com a vida
Sou grato por tudo o que tenho
Por toda a experiência vivida
Mas pareço só, e tenho de encarar este dia mau
Afinal de contas é normal haver uma ou outra tempestade
O que importa é no dia seguinte erguermo-nos de novo
E aceitarmos que existe muito mais para além da maldade
A mente perturbada cobiça o ponto final
Tento distrair-me com tudo e todos
Mas os meus olhos cegos só conseguem ver o mal
E à minha volta rodopia uma multidão singela
Inocente na presença da minha aflição
Figura acorrentada, presa numa cela
Perdida, sem qualquer sentido de direcção
Dedico-me sempre à felicidade
Pois é ela que nos faz suportar a dor
Mesmo muitas vezes fugindo à verdade
Sempre me guiei pelo amor
E então espero que esta solidão termine
Que o dia mau chegue finalmente ao fim
Tento então sempre que a glória domine
E afinal de contas, tudo isto só depende de mim!
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