Adoram as palavras imundas que as obrigo a engolir,
raramente vomitam desobediência num ato ridículo de revolta, habituei-as ao
caos, torturei cada espaço que vi. E agora... agora aceitam e desejam tudo
aquilo que escrevi.
Relembro sem saudade alguma, a altura em que tinha medo de
cuspir palavras em vão, já lá vai o tempo em que revirava letra a letra para
esconder aquilo que queria dizer o meu coração. Há muito que deixei de remexer
na ordem da desordem que rabiscava. Verdade seja dita, quando oiço o papel a
implorar para que pare não sinto sequer a mínima gota de compaixão, aliás,
castigo-o ainda mais com a tinta permanente venenosa e penetrante para ver o
quão fascinante o inferno pode ser.
Mato em riscos soltos as palavras que não gostei. E quando
sinto que o meu coração quer berrar deixa-o guiar as forças da minha mão.
Quantas vezes temi que a realidade da minha escrita se apoderasse do mundo e
que criasse os pesadelos que me moem a mente, que me fumam os cigarros e me alucinam
em ópio e aguardente.
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