Sofrimento Egoísta

Continuamos nisto do sofrimento egoísta

Com a obsessão que conhecemos todo o mundo

Partilhamos a nossa personalidade derrotista

Caídos apenas no nosso desgosto profundo

Esperamos a confiança alheia que o outro aparenta

Coitado, já ninguém aguenta!

Pensamos que somos os únicos neste mundo cruel

Contudo todo a alma do mundo chora e lamenta

Esquecemos a vida dos outros para metermos a nossa em primeiro

O que são as emoções das outras pessoas

Perante esta nossa vida de nevoeiro!?

Ignoramos então, consumidos na nossa importância

Sem medo de berrar todas as angústias

Todo este choro é só mais um ato de arrogância

Somos humanos, lotados de uma total intolerância

Pelo menos tentem perder tempo a ouvir

Se queremos que os outros nos sintam

Não nos custa nada tentá-los também sentir?

A nossa relação de humanidade devia ser marcada pela união

Uma simbiose de sentimentos

Um abraço, um beijo, um sorriso… uma acção!

Mas invés disso, lidamos tudo isto com negação

Incapazes de interpretar as palavras alheias

Corroídos pelo desejo de atenção

Prefiro então a minha total mudez

Garantidamente sou muito mais do que aquilo que vês

Para quê partilhar a dor?

Sinto que nada se iria alterar

Sendo que as pessoas só valorizam o amor

As trevas nunca são adoradas

Mesmo fazendo parte de todas as pessoas

Nunca são citadas naqueles contos de fadas

E muitas delas ficam, jamais serão curadas

Não partilho a minha sensibilidade

Torna-me fraco e louco

Evito mostrar a minha realidade

Pois ninguém é susceptível a tal compreensão

Nem eu saberia lidar com a vossa reacção

Não me guio por esse medo, é ele que me guia!

Penso com a cabeça, mas escrevo com o coração.                                                                                                                                                                                                            

                                                                                                                                                                                   Ricardo Queirós